sábado, 27 de junho de 2015

PARA OS OUVIDOS DE CATARINA CRYSTAL





Preciso recorrer a válvula do poema para despertar o Taj Mahal
que vive sobre as pontes formadas por teu corpo e meu corpo,
nas fotografias astecas nunca morro, nunca morres;
o centro da amêndoa manhã se faz ídolo de cerâmica ante aos beijos teus,
és o dom de amarrar cálices de gelo no sopé das árvores,
a guirlanda de flores petrificadas que envolve meu ventre e o teu

Dinamarca-Mulher, a feitura dessa obra liberta de vocábulos
que nunca se trancafiam nas rédeas do comum
diante de tua beleza extravagante,
de tua voz que rasga para o sempre meu coração de tudo,
a via láctea de nada
Só o superlativo me interessa, sou o superlativo,
a reação atômica em cadeia amorosa se espalhando
pelos contornos de teus seios,
os bilhões de cometas noturnos que se afundam
na geleias da alma tremula
A angustia alimenta o poema, é o combustível,
não se preocupe,
é na hora do quase suicídio que nasce a obra das obras
Herdamos a dor dos metais derretidos,
das pedras e dos ossos partidos,
da carne rasgada pelos dentes das feras do amor
e da fome explosiva
De volta ao Taj Mahal
mergulhado nas combinações de nossos líquidos seminais
Se não cuspirmos os espinhos não continuaremos,
se não comermos espinhos, não continuaremos, é assim,
o espinho é vital para que aprendamos a vomitar
e ejacular nosso canto de víboras pelas faces
A flor azulada do breu luminoso, agora vai falar,
atender os apelos das canções que ouves de minha boca,
de tua boca, bocas mães de todas as esferas
e dimensões que são espelhos de outras dimensões,
que não sei dizer, que sei dizer assim que os beijos de teus beijos...
se atracarem com os beijos de meus beijos

( edu planchêz )

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